A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus tem impactado a educação dos jovens no Brasil. Uma pesquisa feita pelo Ibope para o Unicef apontou que 9% das crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos estão sem estudar no período. Além disso, mais de 5 milhões de crianças de 0 a 3 anos precisam de uma vaga em creche, segundo o Índice de Necessidade de Creche (INC), um indicador criado pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e divulgado pelo G1.
LEIA MAIS:
- Rede municipal de ensino infantil em SP tem aumento de pedidos de matrícula na pandemia
- Governo de SP adia retomada das aulas presenciais para 5 de outubro
- Coronavírus: como higienizar o ambiente em época de pandemia?
Com o fechamento das escolas, o Unicef estima que 44 milhões de meninos e meninas ficaram longe das salas de aula no Brasil. Para muitos, a educação ganhou outro cenário. 91% das famílias afirmam que os filhos continuaram realizando as atividades escolares em casa – sendo 89% matriculados em escolas públicas e 94% em instituições particulares. No entanto, 9% das crianças estão sem estudar.
“Os resultados deixam claro que o acesso a direitos ocorre de forma desigual no Brasil. Com a pandemia, as disparidades podem se agravar, impactando fortemente quem já estava em situação de vulnerabilidade”, explica Paola Babos, representante adjunta do Unicef no Brasil.
Entre os alunos que mantiveram o vínculo com a escola, a maioria (87%) passou a realizar atividades pela internet. No entanto, nota-se uma disparidade significativa entre os alunos: 97% são estudantes em escolas particulares e 81% em escolas públicas. A frequência também aponta desigualdades no processo de aprendizagem. Nos cinco dias da semana anteriores à pesquisa, 63% dos estudantes receberam tarefas e atividades escolares diárias, enquanto 12% não receberam tarefa alguma e 6% somente em um dia.
A pesquisa ouviu 1.516 pessoas por telefone, e as entrevistas foram realizadas entre os dias 3 e 18 de julho. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Falta de creches
Já entre os mais novos, 46% das crianças de 0 a 3 anos precisam de creche no Brasil. O levantamento considera a necessidade de famílias pobres, monoparentais ou com mães e cuidadoras que trabalham. Com 53,7%, São Paulo é o Estado com maior índice de necessidade.
A análise mostra que, quanto mais rica é a família, maior é a porcentagem de crianças frequentando a creche. O levantamento aponta também que muitas mães seriam economicamente ativas se houvesse creche disponível, ou seja, a falta de vagas está tirando mulheres do mercado de trabalho. O mesmo acontece com mães dentro da categoria de famílias pobres.
O levantamento tem como objetivo dar um panorama real da situação para o desenvolvimento de políticas públicas que consigam absorver essa demanda.
Ao G1, a diretora de Relações Internacionais da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Heloísa Oliveira, lembra que matricular crianças dessa faixa etária na creche não é obrigatório. Mas que o poder público tem o dever de garantir esse direito para as famílias que optarem pela matrícula.
Com a pandemia de coronavírus, especialistas estimam que haverá maior pressão sobre as prefeituras para reduzir a fila de creche nos municípios.